Linhagens benjaminianas do pensamento etnográfico

Autores

  • Beatriz Salgado Cardoso de Oliveira

Palavras-chave:

Walter Benjamin, Antropologia Urbana, Etnografia, Flâneur, Fragmento

Resumo

Neste artigo analiso a influência da obra de Walter Benjamin em propostas de etnografia urbana, no intento de traçar os contornos do que chamo de “linhagens benjamininanas do pensamento etnográfico”. Demonstro, por meio de uma revisão bibliográfica, como autores de diversos países articulam conceitos e categorias de Benjamin em suas abordagens de pesquisa de campo e escrita etnográfica na cidade desde a década de 1980. Denomino tais conceitos e categorias como “operadores urbanos”, espécies de ferramentas epistemológicas por meio das quais Benjamin e os autores trabalhados abordam as cidades. Neste artigo analiso dois deles: a teoria do flâneur e a escrita fragmentária. Com esses apontamentos, argumento que a obra benjaminiana possui um grande potencial para as reflexões da antropologia urbana contemporânea.

Downloads

Não há dados estatísticos.

Referências

ADEY, P. Mobility. New York: Routledge, 2009.

AMIN, A.; THRIFT, N. Cities: reimagining the urban. Cambridge: Polity, 2002.

BASSETT, K. Walking as an aesthetic practice and a critical tool: some psychogeographic experiments. Journal of Geography in Higher Education, Abingdon, v. 28, n. 3, p. 397-410, 2004.

BAUDELAIRE, C. O pintor da vida moderna. In: DUFILHO, J.; TADEU, T. (Org.). O pintor da vida moderna. Belo Horizonte: Autêntica, 2010. 152 p.

BENJAMIN, W. Passagens. Belo Horizonte: UFMG, 2006.

______. Rua de mão única. São Paulo: Brasiliense, 2011a.

______. Charles Baudelaire: um lírico no auge do capitalismo. 3. ed. São Paulo: Brasiliense, 2011b.

BILLAUD, J. Snapshots of British islam exploring self, identity, and the good ethical life in the global megalopolis. Journal of Contemporary Ethnography, Thousand Oaks, v. 45, n. 5, p. 503-528, 2016.

BOLLE, W. Fisiognomia da metrópole moderna: representação da história em Walter Benjamin. São Paulo: Edusp, 1994.

BORCHARD, K. Between a hard rock and postmodernism: opening the Hard Rock Hotel and Casino. Journal of Contemporary Ethnography, Thousand Oaks, v. 27, n. 2, p. 242-269, 1998.

BUCK-MORSS, S. Dialética do olhar: Walter Benjamin e o projeto das passagens. Belo Horizonte: UFMG; Chapecó: Argos, 2002.

CAIAFA, J. Comunicação e diferença nas cidades. Lugar Comum, Rio de Janeiro, n. 18, p. 91-102, 2002.

______. Aventura das cidades: ensaios e etnolografias. São Paulo: FGV, 2007.

CANEVACCI, M. Metrópole comunicacional. Revista USP, São Paulo, n. 63, p. 110-125, set.-nov. 2004.

CLIFFORD, J. Sobre a autoridade etnográfica. In: ______. A experiência etnográfica: antropologia e literatura no século XX. Rio de Janeiro: UFRJ, 2011. p. 17-57.

DÉBORD, G. Teoría de la deriva. Internacional situacionista, Paris, v. 1, 1958.

ECKERT, C.; ROCHA, A. L. C. Etnografia de rua: estudo de antropologia urbana. Iluminuras, Porto Alegre, v. 4, n. 7, p. 1-22, 2003.

______. Antropologia da e na cidade: interpretações sobre as formas da vida urbana. Porto Alegre: Marcavisual, 2013a.

______. A cidade: sede de sentidos. In: ______. (Org.). Etnografia da duração: estudos da memória coletiva nas coleções etnográficas. Porto Alegre: Marcavisual, 2013b. p. 160-180.

______. Etnografia da duração: estudos de memória coletiva. In: ______. (Org.). Etnografia da duração: estudos da memória coletiva nas coleções etnográficas. Porto Alegre: Marcavisual, 2013c. p. 19-50.

______. Antropologia da e na cidade: interpretações sobre as formas da vida urbana. Porto Alegre: Marcavisual, 2013d.

______. Ressonâncias de sobreposições temporais: etnografia no bairro Kreuzberg, Berlim (Alemanha). Iluminuras, Porto Alegre, v. 15, n. 36, p. 218-268, 2014.

FEATHERSTONE, M. The flâneur, the city and virtual public life. Urban Studies, Thousand Oaks, v. 35, n. 5-6, p. 909-925, 1998.

FONSECA, C.; MAGNI, C. T. Homenagem a Colette Pétonnet. Horizontes Antropológicos, Porto Alegre, v. 20, n. 41, p. 405-411, 2014.

GILLOCH, G. Myth & metropolis: Walter Benjamin and the city. Cambridge: Polity, 1996.

GOTTSCHALK, S. Ethnographic fragments in postmodern spaces. Journal of Contemporary Ethnography, Thousand Oaks, v. 24, n. 2, p. 195-228, 1995.

GOTTSCHALK, S.; SALVAGGIO, M. Stuck inside of mobile ethnography in non-places. Journal of Contemporary Ethnography, Thousand Oaks, v. 44, n. 1, p. 3-33, 2015.

JENKS, C. Watching your step: the history and practice of the flâneur. In: ______. (Ed.). Visual culture. New York: Routledge, 1998. p. 142-160.

JENKS, C.; NEVES, T. A walk on the wild side: urban ethnography meets the flâneur. Journal for Cultural Research, Abingdon, v. 4, n. 1, p. 1-17, 2000.

KEITH, M. Walter Benjamin, urban studies and the narratives of city life. In: BRIDGE, G.; WATSON, S. A companion to the city. Hoboken: Wiley-Blackwell, 2003. p. 410-429.

MACHADO, C. E. Walter Benjamin: crítica à ideia do progresso, história e tempo messiânico. In: SEMINARIO INTERNACIONAL POLITICAS DE LA MEMORIA, 3., 2010, Buenos Aires. Anais… Buenos Aires: Centro Cultural de la Memoria Hadoldo Conti, 2010.

MAGNANI, J. G. C. De perto e de dentro: notas para uma etnografia urbana. Revista Brasileira de Ciências Sociais, São Paulo, v. 17, n. 49, p. 11-29, 2002.

MEYERS, M. Walking again lively: towards an ambulant and conversive methodology of performance and research. Mobilities, Abingdon, v. 6, n. 2, p. 183-201, 2011.

MIDDLETON, J. The socialities of everyday urban walking and the “right to the city”. Urban Studies, Thousand Oaks, v. 1, n. 1, p. 1-20, 2016.

MILITO, C.; SILVA, H. R. Vozes do meio-fio. Rio de Janeiro: Relume Dumará, 1995.

NUVOLATI, G. Lo sguardo vagabondo: il flâneur e la città da Baudelaire ai postmoderni. Bologna: Il Mulino, 2006.

______. Le flâneur dans l’espace urbain. Revue Géographie et Cultures, Paris, n. 70, p. 7-20, 2009.

______. NUVOLATI, G. The flâneur: A way of walking, exploring and interpreting the city. In: SHORTELL, T.; BROWN, E. (Ed.). Walking in the European city: quotidian mobility and urban ethnography. Farnham: Ashgate, 2014. p. 21-33.

OLIVEIRA, B.S.C. Walter Benjamin, leitor das cidades: linhagens da antropologia urbana. 2017. Dissertação (Mestrado em Ciências Sociais) – Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, São Paulo, 2017.

PAETZOLD, H. The aesthetics of city strolling. Journal of Contemporary Aesthetics, Thousand Oaks, v. 11, n. 1, p. 23-37, 2013.

PEIRANO, M. Etnografia não é método. Horizontes Antropológicos, Porto Alegre, v. 20, n. 42, p. 377-391, 2014.

PÉTONNET, C. L’Observation flottante : l’exemple d’un cimetière parisien. L’Homme, Paris, v. 22, n. 4, p. 37-47, 1982.

PILE, S. Sleepwalking in the modern city: Walter Benjamin and Sigmund Freud in the world of dreams. In: BRIDGE, G.; WATSON, S. A companion to the city. Hoboken: Wiley-Blackwell, 2003. p. 75-86.

POE, E. A. O homem da multidão. In: DUFILHO, J.; TADEU, T. (Org.). O pintor da vida moderna. Belo Horizonte: Autêntica, 2010. p. 91-102.

RICHARDS, H. Sex and the City: a visible flâneuse for the postmodern era? Continuum: Journal of Media & Cultural Studies, Abingdon, v. 17, n. 2, p. 147-157, 2003.

ROSSITER, B.; GIBSON, K. Walking and performing “the city”: a Melbourne chronicle. In: BRIDGE, G; WATSON, S. A companion to the city. Hoboken: Wiley-Blackwell, 2003. p. 437-447.

SENNETT, R. Carne e pedra: o corpo e a cidade na civilização ocidental. 3. ed. Rio de Janeiro: Record, 2003.

SHORTELL, T.; BROWN, E. (Ed.). Walking in the European city: quotidian mobility and urban ethnography. Farnham: Ashgate, 2014.

SILVA, H. R. A situação etnográfica: andar e ver. Horizontes Antropológicos, Porto Alegre, v. 15, n. 32, p. 171-188, 2009.

SIMMEL, G. A metrópole e a vida mental. In: VELHO, G. O. (Ed.). O fenômeno urbano. São Paulo: Zahar, 1973. p. 11-25.

SOLNIT, R. Paris, or botanizing on the asphalt. In: ______. Wanderlust: a history of walking. London: Penguin, 2001. p. 196-213.

SONTAG, S. Sob o signo de saturno. São Paulo: L&PM, 1986.

SOUKUP, C. The postmodern ethnographic flaneur and the study of hyper-mediated everyday life. Journal of Contemporary Ethnography, Thousand Oaks, v. 42, n. 2, p. 226-254, 2013.

STRATHERN, M. Os limites da autoantropologia. In: FERRARI, F. (Ed.). O efeito etnográfico e outros ensaios. São Paulo: Cosac Naify, 2014. p. 133-157.

VEDANA, V. No mercado tem tudo que a boca come: estudo antropológico da duração das práticas cotidianas de mercado de rua no mundo urbano contemporâneo. 2008. Tese (Doutorado em Antropologia Social) – Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Porto Alegre, 2008.

VELHO, G. Antropologia urbana: encontro de tradições e novas perspectivas. Sociologia, Problemas e Práticas, Lisboa, n. 59, p. 11-18, 2009.

______. Introdução à 1ª edição de A utopia urbana. In: ______. Um antropólogo na cidade: ensaios de antropologia urbana. Rio de Janeiro: Zahar, 2013. p. 10-24.

WERNECK, M. M. F. Mito e experiência: operadores estéticos de Claude Lévi-Strauss. 2002. Tese (Doutorado em Ciências Sociais) – Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, São Paulo, 2002.

WOOD, A. F. “What happens [in Vegas]”: performing the post-tourist flâneur in “New York” and “Paris”. Text and Performance Quarterly, Abingdon, v. 25, n. 4, p. 315-333, 2005.

Downloads

Publicado

2016-01-16

Como Citar

Oliveira, B. S. C. de. (2016). Linhagens benjaminianas do pensamento etnográfico. BIB - Revista Brasileira De Informação Bibliográfica Em Ciências Sociais, (81), 42–65. Recuperado de https://bibanpocs.emnuvens.com.br/revista/article/view/414

Edição

Seção

Balanços Bibliográficos