O eclipse da sociedade política nos estudos sobre o orçamento participativo

Autores

  • Wagner de Melo Romão

Palavras-chave:

Orçamento Participativo, Sociedade civil, Sociedade política, Democracia participativa, Estado

Resumo

A literatura acadêmica sobre os novos espaços de participação surgidos no Brasil da redemocratização tem privilegiado sua caracterização como lugares de protagonismo da sociedade civil. Essa visão se torna ainda mais marcante nos textos sobre as experiências de Orçamento Participativo. Este artigo sustenta que tal enfoque limita a compreensão sobre tais instâncias de participação, pois obscurece a influência fundamental que as dinâmicas próprias da sociedade política exercem sobre esses espaços. Busca-se reconstituir as origens dessa lacuna a partir da análise da obra de Leonardo Avritzer sobre as relações entre a sociedade civil e o Estado e as inovações institucionais da democracia participativa.

Downloads

Não há dados estatísticos.

Referências

AVRITZER, Leonardo (1995). “Cultura política, atores sociais e democratização”. Revista Brasileira de Ciências Sociais, n. 28, p. 109-122.

_____. (1996). A moralidade da democracia: ensaios em teoria habermasiana e teoria democrática. São Paulo: Perspectiva; Belo Horizonte: Ed. UFMG.

_____. (1997). “Um desenho institucional para o novo associativismo”. Lua Nova, v. 1, n. 39, p. 149-174.

_____. (2002a). Democracy and the public space in Latin America. Princeton; Oxford: Princeton University Press.

_____. (2002b). “O Orçamento Participativo: as experiências de Porto Alegre e Belo Horizonte”. In: DAGNINO, Evelina (org.). Sociedade civil e espaços públicos no Brasil. São Paulo: Paz e Terra.

_____. (2003a). “O Orçamento Participativo e a teoria democrática: um balanço crítico”. In: AVRITZER, Leonardo; NAVARRO, Zander (orgs.). A inovação democrática no Brasil: o orçamento participativo. São Paulo: Cortez.

_____. (2003b). “Prefácio”. In: RIBEIRO, Ana Clara; GRAZIA, Grazia de (orgs.). Experiências de Orçamento Participativo no Brasil: período de 1997 a 2000. Petrópolis: Vozes, Fórum Nacional de Participação Popular (FNPP).

_____. (2005). “Modelos de deliberação democrática: uma análise do orçamento participativo no Brasil”. In:

SANTOS, Boaventura (org.). Democratizar a democracia: os caminhos da democracia participativa. 3. ed. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira.

_____. (2009). Participatory institutions in democratic Brazil. Baltimore: Johns Hopkins University Press.

AVRITZER, Leonardo; NAVARRO, Zander (orgs.) (2003). A inovação democrática no Brasil: o orçamento participativo. São Paulo: Cortez.

AVRITZER, Leonardo; RECAMÁN, Marisol; VENTURI, Gustavo (2004). “O associativismo na cidade de São Paulo”. In: AVRITZER, Leonardo (org.). A participação em São Paulo. São Paulo: Ed. Unesp.

AVRITZER, Leonardo; WAMPLER, Brian (2004). “Públicos participativos: sociedade civil e novas instituições no Brasil democrático”. In: COELHO, Vera; NOBRE, Marcos (orgs.). Participação e deliberação: teoria democrática e experiências institucionais no Brasil contemporâneo. São Paulo: Editora 34.

BAIERLE, Sergio (1992). Um novo princípio ético-político: prática social e sujeitos nos movimentos populares urbanos em Porto Alegre nos anos 80. Dissertação de mestrado, Campinas, Universidade Estadual de Campinas.

_____. (2002). “OP ao termidor?”. In: VERLE, João; BRUNET, Luciano (orgs.). Construindo um mundo novo: avaliação da experiência do Orçamento Participativo em Porto Alegre – Brasil. Porto Alegre: Guayí.

BEZERRA, Marcos (2004). Participação popular e conflitos de representação política: notas a partir de um caso de Orçamento Participativo. Rio de Janeiro: Relume Dumará.

BOHMAN, James (1996). Public deliberation: pluralism, complexity and democracy. Cambridge: MIT Press.

CANCLINI, Nestor G. (2008). Culturas híbridas: estratégias para entrar e sair da modernidade. Trad. Heloísa Cintrão e Ana Regina Lessa. 4. ed. São Paulo: Edusp.

COHEN, Joshua (1997). “Deliberation and democratic legitimacy. In: BOHMAN, James; REHG, William (eds.). Deliberative democracy: essays on reason and politics. Cambridge: MIT Press.

CORTES, Soraia; SILVA, Marcelo K. (2010). “Sociedade civil, instituições e atores estatais: interdependências e condicionantes da atuação de atores sociais em fóruns participativos”. Estudos de Sociologia, FCL-Unesp, Araraquara, v. 15, n. 29, p. 425-444.

DAHL, Robert (1989). Um prefácio à teoria democrática. Trad. Ruy Jungmann. Rio de Janeiro: Jorge Zahar.

D’ÁVILA FILHO, Paulo (2000). Democracia, clientelismo e cidadania. A experiência do orçamento participativo no modelo de gestão pública da cidade de Porto Alegre. Tese de doutorado, Rio de Janeiro, Iuperj.

DIAS, Márcia (2002). Sob o signo da vontade popular: o Orçamento Participativo e o dilema da Câmara Municipal de Porto Alegre. Belo Horizonte: Ed. UFMG; Rio de Janeiro: Iuperj.

DIAS, João M. (2006). O orçamento participativo na cidade de São Paulo: confrontos e enfrentamentos no circuito do poder. Dissertação de mestrado, Programa de Estudos Pós-Graduados em Ciências Sociais, São Paulo, PUC.

DOIMO, Ana Maria (1995). A vez e a voz do popular: movimentos sociais e participação política no Brasil pós-70. Rio de Janeiro: Relume Dumará; Anpocs.

DOWNS, Anthony (1956). An economic theory of democracy. New York: Harper and Brothers.

FILOMENA, César (2006). O agonismo nas relações sociais do partido, dos espaços públicos da sociedade civil e do sistema administrativo estatal: a experiência da Administração Popular em Porto Alegre. Dissertação de mestrado, Porto Alegre, PUC-RS.

GOULART, Jefferson (2006). “Orçamento Participativo e gestão democrática no poder local”. Lua Nova, São Paulo,

n. 69, p. 49-78.

GURZA LAVALLE, Adrian (2003). “Sem pena nem glória: o debate sobre a sociedade civil nos anos 1990”. Novos Estudos, n. 66, p. 91-109.

_____. (2011). “Participação: valor, utilidade, efeitos e causa”. In: PIRES, R. R. (org.). Efetividade das instituições participativas no Brasil: estratégias de avaliação. Brasília: Ipea.

GURZA LAVALLE, Adrian; HOUTZAGER, Peter; ACHARYA, Arnab (2004). “Lugares e atores da democracia: arranjos institucionais participativos e sociedade civil em São Paulo”. In: COELHO, Vera Schattan; NOBRE, Marcos (orgs.). Participação e deliberação: teoria democrática e experiências institucionais no Brasil contemporâneo. São Paulo: Editora 34.

HABERMAS, Jürgen (1984). Theory of communicative action. Boston: Beacon Press.

_____. (1995). Between facts and norms. Cambridge: MIT Press.

KECK, Margaret (1991). PT: A lógica da diferença. O Partido dos Trabalhadores na construção da democracia brasileira. São Paulo: Ática.

LINZ, Juan; STEPAN, Alfred (1996). Problems of democratic transition and consolidation. Baltimore: Johns Hopkins University Press.

MENEGUELLO, Rachel (1989). PT: a formação de um partido (1979-1982). São Paulo: Paz e Terra.

NAVARRO, Zander (2003). “O ‘Orçamento Participativo’ de Porto Alegre (1989-2002): um conciso comentário crítico”. In: AVRITZER, Leonardo; NAVARRO, Zander (orgs.) (2003). A inovação democrática no Brasil: o orçamento participativo. São Paulo: Cortez.

OTTMANN, Göetz (2006). “Cidadania mediada: processos de democratização da política municipal no Brasil”. Novos Estudos, n. 74, p. 155-175.

PIRES, Roberto R. C. (org.) (2011). Efetividade das instituições participativas no Brasil: estratégias de avaliação.

Brasília: Ipea.

PRZEWORSKI, Adam (1991). Democracy and the market: political and economic reforms in Eastern Europe and Latin America. Cambridge: Cambridge University Press.

RIBEIRO, Ana Clara; GRAZIA, Grazia de (orgs.). Experiências de Orçamento Participativo no Brasil: período de 1997 a 2000. Petrópolis: Vozes, Fórum Nacional de Participação Popular (FNPP).

RIZEK, Cibele (2007). “São Paulo: orçamento e participação”. In: Oliveira, F.; Rizek, C. (orgs.). A era da indeterminação. São Paulo: Boitempo.

RODGERS, Dennis (2009). “Subvertendo os espaços participativos? Políticas locais e orçamento participativo na Buenos Aires pós-crise”. In: CORNWALL, A.; COELHO, V. S. (orgs.). Novos espaços democráticos: perspectivas internacionais. São Paulo: Singular; Esfera Pública.

ROMÃO, Wagner de Melo (2010a). Nas franjas da sociedade política: estudo sobre o orçamento participativo. Tese de doutorado, São Paulo, Universidade de São Paulo.

_____. (2010b). “Entre a sociedade civil e a sociedade política: participatory institutions in democratic Brazil”. Novos Estudos, n. 87, p. 199-206.

SECCO, Lincoln (2011). História do PT. São Paulo: Ateliê Editorial.

SHAH, Anwar (ed.) (2007). Participatory budgeting. Washington, DC: The International Bank for Reconstruction

and Development, The World Bank.

SOUZA, Luciana (2010). Do local para o nacional: o orçamento participativo e as novas práticas políticas petistas. Tese de doutorado, Programa de Pós-Graduação em Ciência Política, São Carlos, Universidade Federal de São Carlos.

TAYLOR, Charles (1985). Philosophy and the human sciences. Cambridge: Cambridge University Press.

TEIXEIRA, Ana Claudia; ALBUQUERQUE, Maria do Carmo (2006). “Orçamentos Participativos: projetos políticos, partilha de poder e alcance democrático”. In: DAGNINO, Evelina; OLVERA, Alberto J.;

PANFICHI, Aldo (orgs.). A disputa pela construção democrática na América Latina. São Paulo: Paz e Terra; Campinas: Ed. Unicamp.

TEIXEIRA, Ana Claudia; TATAGIBA, Luciana (2005). Movimentos sociais e sistema político: os desafios da participação. São Paulo: Instituto Pólis, PUC-SP. (Observatório dos Direitos do Cidadão: acompanhamento e análise de políticas públicas da cidade de São Paulo, 25).

WAMPLER, Brian (2007). Participatory budgeting in Brazil: contestation, cooperation, and accountability. University Park: The Pennsylvania State University Press.

Downloads

Publicado

2010-07-05

Como Citar

Romão, W. de M. (2010). O eclipse da sociedade política nos estudos sobre o orçamento participativo. BIB - Revista Brasileira De Informação Bibliográfica Em Ciências Sociais, (70), 121–144. Recuperado de https://bibanpocs.emnuvens.com.br/revista/article/view/349

Edição

Seção

Balanços Bibliográficos