Sobre a "docilidade" do catolicismo

interpretações do sincretismo e anti-sincretismo na/da cultura brasileira

Autores

  • Roberta Bivar C. Campos

Palavras-chave:

Sincretismo, Multiculturalismo, Cultura brasileira, (In)Tolerância, Catolicismo

Resumo

O presente artigo faz uma revisão bibliográfica crítica sobre a relação entre uma suposta identidade brasileira com o fenômeno do sincretismo. Tal reflexão exige que se leve em conta o problema da transformação da religião na atualidade, após a formação do Estado Moderno democrático, e com ele da ascensão do mercado religioso. Todavia, a relação entre catolicismo e cultura brasileira não tem sido por isso enfraquecida. A idéia de uma matriz sincrética geradora da sociabilidade brasileira é compar­tilhada por antropólogos nativos e estrangeiros e tem se tornando paradigma de um multiculturalismo bem-sucedido. Um dos pontos centrais é a reflexão sobre se o sincretismo ainda permanece como valor englobante ou se não estaria recuando para dar lugar a outras lógicas.

Downloads

Não há dados estatísticos.

Referências

BERGER , Peter L.; L U C K M A N , Thomas (2004), M odernidade, pluralism o e crise de sentido: a orientação do homem moderno. Petrópolis, RJ, Vozes.

BHABHA, H om i (1997), Thelocation ofculture. London/ New York, Roudedge.

BIRMAN , Patrícia (2006), “Percursos afro e conexões sociais: negritude, pentecostalismo e espiritualidades”, in E Teixeira; R. Menezes (orgs.), As religiões no Brasil, continuidades e rupturas, Petrópolis, RJ,Petrópolis, RJ, Vozes.

BRUMAN A , Fernando Giobellina. (2002), “Prefácio”, in M . O . Andrade, 500 anos de catolicismos & sincretismos no Brasil, João Pessoa, ed. UFPB.

BURITY, Joanildo (1997), Identidade p olítica no campo religioso. Recife, Ipespe/ ed. UFPE.

CAMURÇA , Marcelo Ayres (2006), “A realidade das religiões no Censo do IBGE-2000”, in F. Teixeira; R. Menezes (orgs.), As religiões no Brasil, continuidades e rupturas, Petrópolis, RJ,Petrópolis, RJ, Vozes.

CONSORTE, Josildeth Gomes (1999), “Em torno de um manifesto de ialorixás baianas contra o sincretismo”, in C. Caroso; J. Bacelar (orgs.), Faces da tradição afro-brasileira, Rio de Janeiro/ Salvador, Palias.

DECERTEAU, Michel (2003), A invenção do cotidiano: as artes de fazer. Petrópolis, RJ, Vozes.

DUMONT, Louis (1997), H omo Hierarchicus: o sistema de castas e suas implicações. São Paulo, Edusp.

ECO, Umberto (2000), “Definições léxicas”, in F. Barret-Ducrocq (ed.), A intolerância. Foro Internacional sobre Intolerância, Unesco, 27 de março de 1997, Academia Universal das Culturas. Rio de Janeiro, Bertrand Brasil.

FERRETI, Mundicarmo M . R. (1985), M in a, um a religião de origem africana. São Luís, MA , Sioge.

______ . (1987), “La integración dei ‘Caboclo’ sobre la ‘Línea de la Selva’: estúdios sobre el sincretismo afro-indígena em cultos brasileiros”. M ontalbán. Caracas, Universidad Católica Andrés Bello.

FERRETI, Sergio Figueiredo (1995), Repensando o sincretismo. São Paulo, São Luís (MA), Fapema.

FREYRE, Gilberto (1942), Uma cultura ameaçada: a luso-tropical. Rio de Janeiro, Casa do Estudante do Brasil.

______ . (1959), A propósito defrades. Salvador, UFBa.

______ . (1980), Casa grande & senzala. 2. ed. Rio dejaneiro/ Brasília, José Olympio/ INL.

______ . (2003), Sobrados e mucambos. 14. ed. revista. São Paulo, Global Editora.

FRY, Peter; M A G G IE , Yvonne (2006), “Apresentação”. O anim ism o fetichista dos negros baianos. Rio dejaneiro, Ministério da Cultura/ Fundação Biblioteca Nacional / ed. UFRJ.

GEERTZ, Clifford (1971), Islam observed. Chicago / London, The University o f Chicago Press.

______ . (1978), A interpretação das culturas. Rio de Janeiro, Zahar.

H É R IT IE R , Françoise (2000), “O eu, o outro e a intolerância”, in F. Barret-Ducrocq (org.),^4 intolerância. Foro Internacional sobre Intolerância, Unesco, 27 de março de 1997, Academia Universal das Culturas. Rio de Janeiro, Bertrand Brasil.

HERVTEU-LÉGER, Danièlle (1993), La religion pour mémoire. Paris, Les editions du CERF.

______ . (2005), O peregrino e o convertido. Lisboa, Gradiva.

MARIANO , Ricardo (2007), “Pentecostais em ação: a demonização dos cultos afro-brasileiros”, in V. G. Silva (o rg .),A intolerância religiosa, São Paulo, Edusp.

MAR IZ , Cecília L. (1997), ''Reflexões sobre a reação afro-brasileira”. Debates do N ER, ano l ,n . 1,

NER-PPGAS da U FRGS, pp. 96-103.

______ . (2005), “De vuelta al baile dei sincretismo: um dialogo com Pierre Sanchis”. Ciências Socialesy Religion, 7, Porto Alegre, pp. 189-202.

______ . (2006), “Catolicismo no Brasil contemporâneo: reavivamento e diversidade”, in F. Teixeira; R. Menezes (orgs.), As religiões no Brasil, continuidades e rupturas, Petrópolis, RJ, Vozes.

M A R IZ , Cecília; M A C H A D O , M . das Dores (s. d.), “Sincretismo e trânsito religioso: comparando carismáticos e pentecostais”. Comunicações do ISER, 45: 24-34.

______ . (1998), Mudanças recentes no campo religioso brasileiro. A ntropolítica, 5: 21-43.

MAYBURY-LEWTS, David (2003), “Identidade étnica em Estados pluriculturais”, in R. P. Scott; G. Zarur (eds.), Identidade, fragm entação e diversidade na América L atina, Recife, ed. UFPE.

MOTTA, Roberto (1998), “Gilberto Freyre e o estudo das relações raciais: os perigos da ortohistória”. AntHropológicas, número especial (Antropologia, memória. Tradição e perspectivas), ano III, v. 7, pp. 15-43.

______. (2000), “Paradigms in the study o f race relations in Brazil”. International Sociology, 15,4: 665-82, Dec.

______ . (2002), “A propósito de Frades’: Gilberto Freyre, Max Weber e o Franciscanismo”, in E. Madruga; J. M . de Britto (eds.), Interpretações do Brasil, João Pessoa, ed. UFPB.

______. (2003), “Antropologia, pensamento, dominação e sincretismo”. Anais do V II Encontro de Antropologia do Norte-Nordeste. Recife, 2001.

NEGR Ã O , Lísias Nogueira (1996), Entre a cruz e a encruzilhada. São Paulo, Edusp.

ORTIZ , Renato (1978), A morte branca do feiticeiro negro. Umbanda, integração de um a religião num a sociedade de classes. São Paulo, Paz e Terra.

ORO , Ari Pedro (1997), “Neopentecostais e afro-brasileiros: quem vencerá esta guerra?”. Debates do N E R , ano 1, n. 1, pp. 10-38.

______. (2007), “Intolerância religiosa iurdiana e reações afro no Rio Grande do Sul”, in V . G . Silva (org.), Intolerância religiosa, impactos do neopentecostalismo no campo religioso afro-brasileiro. São Paulo, Edusp.

ORO, Ari Pedro; STEIL, Carlos (orgs.) (1997), Globalização e religião. Petrópolis, RJ, Vozes.

PIERUCCI, Antonio Flávio (2006), “Ciências Sociais e religião—A religião como ruptura”, in F. Teixeira; R. Menezes (orgs.), As religiões no Brasil, continuidades e rupturas, Petrópolis, RJ, Vozes.

P R A N D I, Reginaldo (1995), “Prefácio”, in S. F. Ferreti, Repensando o sincretismo, São Paulo, São Luís (MA), Fapema.

______ . (1996), Herdeiras do axé: sociologia das religiões afro-brasileiras. São Paulo, Hucitec.

______. (1999), “Referências sociais das religiões afro-brasileiras: sincretismo, branqueamento, africanização”, in C. Caroso; J. Bacelar (orgs.), Faces da tradição afro-brasileira, Rio de Janeiro/ Salvador, Pallas.

SANCHIS, Pierre (1992), Catolicismo: cotidiano e movimentos. Rio de Janeiro, Loyola.

______ . (1994), “O repto pentecostal à cultura católica-brasileira”, in R. Valle; I. Sarti (eds.), Nem anjos nem demônios: interpretações sociológicas dopentecostalismo, Petrópolis, RJ, Vozes.

______ . (1997), “O campo religioso contemporâneo no Brasil”, in A. P. Oro; C. Steil (orgs.), Globalização e religião, Petrópolis, RJ, Vozes.

______ . (1999), “Sincretismo e pastoral: o caso dos agentes de pastoral negros no seu meio”, in C.

Caroso; J. Bacelar (orgs.), Faces da tradição afro-brasileira, Rio de Janeiro/ Salvador, Pallas.

______ . (2001), “Religiões, religião. Alguns problemas de sincretismo no campo religioso brasileiro”, in P. Sanchis (org.), Fiéis e cidadãos, Rio de Janeiro, ed. Uerj.

______ . (2003), “A religião dos brasileiros”. Teoria &Soãedad£, número especial, maio 2003, pp. 16-51.

SEGATO, Rita L. (1991a), “Uma vocação de minoria: a expansão dos cultos afro-brasileiros na Argentina como processo de re-etnização.” Dados — Revista de Ciências Sociais, v. 34, n. 2.

______ . (1991b), “Cambio religioso y desetnization. Laexpansión evangélica em los Andes Centrales de Argentina”. Religiones Latinoamericanas, 1, México, Aler.

______. (1997), “Formações e diversidade: nação e opções religiosas no contexto da globalização”, in A. P. Oro; C. Steil (orgs.), Globalização e religião, Petrópolis, RJ, Vozes.

SOARES, Luiz Eduardo (1993), “Dimensões democráticas do conflito religioso no Brasil: a guerra dos pentecostais contra o afro-brasileiro”, in L. E. Soares, Os dois corpos do presidente, Rio de Janeiro, Relume-Dumará/ISER

SOUZA , Jessé (1999), O malandro e o protestante: a tese weberiana e singularidade cultural brasileira. Brasília, UnB.

______ . (2000), A modernização seletiva: um a reinterpretação do dilem a brasileiro. Brasília, UnB.

______. (2001), “A sociologia dual de Roberto D a Matta: descobrindo nossos mistérios ou sistematizando nossos auto-enganos?”. RBCS, 16,45: 79-96.

SILVA, Vagner Gonçalves da (1999), “Reafricanização e sincretismo: interpretações acadêmicas e experiências religiosas”, in C. Caroso; J. Bacelar (orgs.), Faces da tradição afro-brasileira, Rio de Janeiro/ Salvador, Pallas.

______. (2007), Intolerância religiosa, impactos do neopentecostalismo no campo religioso afro-brasileiro. São Paulo, Edusp.

STEIL, Carlos (2001), “Catolicismo e cultura”, in R. Valle (org.), Religião e cultura popular, Rio de Janeiro, DP&A.

SCHWARCZ , Lilia Moritz (2001), Racismo no Brasil. São Paulo, PubliFolha.

WALZER, Michael (1999), D a tolerância. São Paulo, Martins Fontes.

Downloads

Publicado

2008-01-10

Como Citar

Campos, R. B. C. (2008). Sobre a "docilidade" do catolicismo: interpretações do sincretismo e anti-sincretismo na/da cultura brasileira. BIB - Revista Brasileira De Informação Bibliográfica Em Ciências Sociais, (65), 89–101. Recuperado de https://bibanpocs.emnuvens.com.br/revista/article/view/314

Edição

Seção

Balanços Bibliográficos