Quando novos temas entram em cena

movimentos sociais e a “questão urbana” no ciclo de protesto de junho de 2013

Autores

  • Rafael de Souza

Palavras-chave:

Movimentos Sociais, Ciclo de Junho, Cidades, Conflito Urbano

Resumo

Durante o mês de junho de 2013 milhares de pessoas se reuniram nas ruas de diversas cidades do país. Termos como “cidades rebeldes”, “insurgências urbanas” e “lutas urbanas” foram mobilizados constantemente como tentativas de dar conta do fenômeno. Este artigo tem como intuito apresentar as principais vertentes de pesquisa sociológica brasileira acerca da relação entre os movimentos sociais e a questão urbana nas manifestações em 2013. Trata-se de investigar o percurso analítico dessas questões dos anos 1980 às manifestações de junho de 2013. De que modo os autores que se debruçaram sobre o tema equacionaram a questão do espaço urbano e as mobilizações em junho? As interpretações dos confrontos em 2013 trazem em si o legado das linhas de pesquisa da sociologia urbana e política dos anos 1980 ou fundam uma nova compreensão? A hipótese principal que orienta o artigo é a de que as análises de junho de 2013 trazem a herança e as ambivalências dos estudos acerca dos conflitos urbanos nos anos 1980. Se em um primeiro momento as análises procuraram mapear as condições de emergência desses processos de mobilização por meio das condições materiais das metrópoles, em um segundo instante as experiências culturais foram mobilizadas para explicar a emergência desses novos atores coletivos.

Downloads

Não há dados estatísticos.

Referências

ALONSO, A.; MISCHE, A. Changing repertoires and partisan ambivalence in the new Brazilian protests. Bulletin of Latin American Research, Oxford, v. 36, n. 2, p. 144-159, 2017.

ANTUNES, R. As rebeliões de junho de 2013. Observatorio de América Latina, Buenos Aires, v. 14, n. 34, p. 37-49, 2013.

AVRITZER, L. Sociedade civil e democratização. Belo Horizonte: Del Rey, 1994.

BARREIRA, I. Movimentos urbanos e contexto sócio-político em Fortaleza. Espaço e Debates, São Paulo, n. 6,

p. 76-87, 1982.

______. Ação direta e simbologia das “jornadas de junho”: notas para uma sociologia das manifestações. Contemporânea, São Carlos, v. 4, n. 1, p. 145-164, 2014.

BLAY, E. A. Tendências atuais da sociologia urbana no Brasil. Revista do Instituto de Estudos Brasileiros, São Paulo,

v. 15, p. 61-77, 1974.

BOSCHI, R. R. A arte da associação: política de base e democracia no Brasil. Rio de Janeiro: Iuperj, 1987.

BRAGA, R. As jornadas de junho no Brasil: crônica de um mês inesquecível. Observatorio Social de América Latina, Buenos Aires, v. 8, p. 51-61, 2013.

BRANT, V. C.; CAMARGO, C. P. F. São Paulo: o povo em movimento. Petrópolis: Vozes, 1980.

BRINGEL, B. Miopias, sentidos e tendências do levante brasileiro de 2013. In: BRINGEL, B.; DOMINGUES, J. M. (Orgs.). As jornadas de junho em perspectiva global. Rio de Janeiro: Netsal: Iesp, 2013a. p. 16-29. (Dossiê temático, n. 3)

______. O Brasil na geopolítica da indignação global. Brasil de Fato, São Paulo, 27 jun. 2013b. p. 42-53.

BRINGEL, B.; PLAYERS, G. Junho de 2013… Dois anos depois: polarização, impactos e reconfiguração do ativismo no Brasil. Nueva Sociedad, Buenos Aires, v. 259, p. 4-17, 2015.

CALDEIRA, T. P. R. Social movements, cultural production, and protests: São Paulo’s shifting political landscape. Current Anthropology, Chicago, v. 56, n. S11, p. S126-S136, 2015.

CARDOSO, R. Movimentos sociais urbanos: balanço crítico. Sociedade e política no Brasil pós-64. São Paulo: Brasiliense, 1983. p. 215-239.

CASTELLS, M. The urban question: a Marxist approach. Trans. Alan Sheridan. London: Edward Arnold, 1977.

______. A questão urbana. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1983.

CASTRO, D.; LEÃO, I. Z. C. C.; WELTERS, A. As manifestações e a questão da reforma urbana: é possível retomar a capacidade de planejamento e intervenção? Revista Economia & Tecnologia, Curitiba, v. 10, n. 1, p. 89-98, 2014.

CHAUÍ, M. As manifestações de junho de 2013 na cidade de São Paulo. Teoria e Debate, São Paulo, v. 113, 2013.

DOIMO, A. M. A vez e a voz do popular: movimentos sociais e participação política no Brasil pós-70. Rio de Janeiro: Relume-Dumará, 1995.

DOWBOR, M.; SZWAKO, J. Respeitável público…: performance e organização dos movimentos antes dos protestos de 2013. Novos Estudos: Cebrap, n. 97, p. 43-55, 2013.

GOHN, M. G. Movimentos sociais e lutas pela moradia. São Paulo: Loyola, 1990.

______. História dos movimentos e lutas sociais: a construção da cidadania dos brasileiros. São Paulo: Loyola, 1995.

______. Sociologia dos movimentos sociais. São Paulo: Cortez, 2013.

______. A sociedade brasileira em movimento: vozes das ruas e seus ecos políticos e sociais. Cadernos CRH, Salvador, v. 27, n. 71, p. 431-441, 2014.

GOTTDIENER, M.; HUTCHISON, R. The new urban sociology. Boulder: Westview Press, 2011.

HARVEY, D. et al. Cidades rebeldes: Passe Livre e as manifestações que tomaram as ruas do Brasil. São Paulo: Boitempo, 2015.

HOUTZAGER, P.; LAVALLE, A.; ACHARYA, A. Atores da sociedade civil e atores políticos: participação nas novas políticas democráticas em São Paulo. In: AVRITZER, L. (Ed.). Participação política em São Paulo. São Paulo: Unesp, 2004. p. 256-322.

JACOBI, P. R. Movimentos sociais urbanos numa época de transição: limites e potencialidades. In: SADER, E. (Org.). Movimentos sociais na transição democrática. São Paulo: Cortez, 1987. p. 11-23.

______. Movimentos sociais e políticas públicas: demandas por saneamento básico e saúde, São Paulo 1974-84. São Paulo: Cortez, 1989. 166 p.

JUDENSNAIDER, E. et al. Vinte centavos: a luta contra o aumento. São Paulo: Veneta, 2013.

KOWARICK, L. A espoliação urbana. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1979.

______. Capitalismo e marginalidade na América Latina. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1980.

KOWARICK, L.; REZENDE, T. Escritos urbanos. São Paulo: Editora 34, 2000.

LAVALLE, A. G. Após a participação: nota introdutória. Lua Nova: Revista de Cultura e Política, São Paulo, n. 84,

p. 13-23, 2011.

LEFEBVRE, H. The right to the city. In: ______. Writings on cities. Oxford: Blackwell, 1996. p. 147-159.

LIVRE, M. P. Não começou em Salvador, não vai terminar em São Paulo. In: VAINER, C. et al. Cidades rebeldes: Passe Livre e as manifestações que tomaram o Brasil. São Paulo: Boitempo, 2013. p. 13-18.

LOSEKANN, C. Os protestos de 2013 na cidade de Vitória/ES: # resistir, resistir até o pedágio cair! In: ROSA, S. M. (Org.). País mudo não muda: as manifestações de junho de 2013 na visão de quem vê o mundo para além dos muros da academia. Brasília, DF: IDP, 2013. p. 26-38.

LÖW, M. The constitution of space the structuration of spaces through the simultaneity of effect and perception. European Journal of Social Theory, London, v. 11, n. 1, p. 25-49, 2008.

______. After the spatial turn: for a sociology of space. Tempo Social, São Paulo, v. 25, n. 2, p. 17-34, 2013.

MACHADO, A.; PORTO, S. M.; VERGARA, S. C. Famerj versus BNH: um estudo de caso sobre movimentos sociais urbanos. Rio de Janeiro: FGV, 1985.

MARICATO, E. É a cidade, estúpido! In: HARVEY, D. et al. Cidades rebeldes: Passe Livre e as manifestações que tomaram as ruas do Brasil. São Paulo: Boitempo: Carta Maior, 2013. p. 19-26.

______. A Copa do Mundo no Brasil: tsunami de capitais aprofunda a desigualdade urbana. In: JENNINGS, A. Brasil em jogo: o que fica da Copa e das Olimpíadas. São Paulo: Boitempo, 2014. p. 17-24.

______. Para entender a crise urbana. CaderNAU: Cadernos do Núcleo de Análises Urbanas, Rio Grande, v. 8, n. 1,

p. 11-22, 2015.

MENEGUELLO, R. PT: a formação de um partido, 1979-1982. Paz e Terra, 1989.

MILLER, B.; BEAUMONT, J.; NICHOLLS, W. Spaces of contention: spatialities and social movements. Farnham: Ashgate, 2013.

MISCHE, A. Partisan publics: communication and contention across Brazilian Youth activist networks. New Jersey: Princeton University Press, 2008.

MOISÉS, J. Á. O Estado, as contradições urbanas e os movimentos sociais. In: MOISÉS, J. Á. et al. (Eds.). Cidade, povo e poder. Rio de Janeiro: Cedec: Paz e Terra, 1982. p. 14-29.

MOREIRA, C. C. Da cidade cúmplice à cidade insurgente: sobre o Rio de Janeiro, desde junho de 2013. Redobra, Salvador, n. 13, p. 251-262, 2014.

MOREIRA, O. L.; SANTIAGO, I. Vem prá rua: os protestos de junho. In: SOUSA, A. A.; SOUSA, C. M. Jornadas de junho: repercusões e leituras. Campina Grande: Eduepb, 2013. p. 13-21.

NEUHOLD, R. R. Os movimentos de moradia e sem-teto e as ocupações de imóveis ociosos: a luta por políticas públicas habitacionais na área central da cidade de São Paulo. 2009. Dissertação (Mestrado em Sociologia) – Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas, Universidade de São Paulo, 2009.

NICHOLLS, W. J. The urban question revisited: the importance of cities for social movements. International Journal of Urban and Regional Research, Oxford, v. 32, n. 4, p. 841-859, 2008.

NOBRE, M. Choque de democracia: razões da revolta. São Paulo: Companhia das Letras, 2013.

NUNES, E.; JACOBI, P. Movimentos populares urbanos: participação e democracia. Rio de Janeiro: Anpocs, 1980.

ORTELLADO, P. Os protestos de junho entre o processo e o resultado. In: ORTELLADO, L. L.; JUDENSNAIDER, E.; POMAR, M. Vinte centavos: a luta contra o aumento. São Paulo: Veneta, 2013. p. 237.

RICCI, R.; ARLEY, P. Nas ruas: a outra política que emergiu em junho de 2013. Belo Horizonte: Letramento, 2014.

ROLNIK, R. As vozes das ruas: as revoltas de junho e suas interpretações. In: VAINER, C. et al. Cidade rebeldes: Passe Livre e as manifestações que tomaram as ruas do Brasil. São Paulo: Boitempo, 2013.

SADER, E. Quando novos personagens entraram em cena. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1988.

SANTOS, C. N. F. Três movimentos sociais urbanos no Rio de Janeiro. Revista Religião e Sociedade, Rio de Janeiro, v. 1, n. 2, 1977.

SCHERER-WARREN, I. Redes de movimentos sociais. São Paulo: Edições Loyola, 1993.

______. Manifestações de rua no Brasil 2013: encontros e desencontros na política. Cadernos CRH, Salvador, v. 27, n. 71, p. 417-429, 2014.

SCHERRER-WARREN, I.; KRISCHKE, P. J. Uma revolução no cotidiano? Os novos movimentos sociais na América do Sul. São Paulo: Brasiliense, 1987.

SINGER, A. Brasil, junho de 2013, classes e ideologias cruzadas. Novos Estudos: Cebrap, São Paulo, n. 97, p. 23-40, 2013.

SOLANO, E.; MANSO, B. P.; NOVAES, W. Mascarados: a verdadeira história dos adeptos da tática Black Bloc. São Paulo: Geração, 2014.

SOMARRIBA, M. M. G.; VALADARES, M. G.; AFONSO, M. R. Lutas urbanas em Belo Horizonte. Petrópolis: Vozes, 1984.

TARROW, S. Power in movement: social movements and contentious politics. Cambridge: Cambridge University Press, 2011.

TATAGIBA, L. Desafios da relação entre movimentos sociais e instituições políticas: o caso do movimento de moradia da cidade de São Paulo: primeiras reflexões. Colombia Internacional, [S.l.], n. 71, p. 63-83, 2010.

TAVARES, F. M. M.; RORIZ, J. H. R.; OLIVEIRA, I. C. As jornadas de maio em Goiânia: para além de uma visão sudestecêntrica do junho brasileiro em 2013. Opinião Pública, Campinas, v. 22, n. 1, p. 140-166, 2016.

TEIXEIRA, A. C. C.; TATAGIBA, L. Movimentos sociais e sistema político: os desafios da participação. São Paulo: Polis: PUC-SP, 2005.

TILLY, C. Spaces of contention. Mobilization: An International Quarterly, San Diego, v. 5, n. 2, p. 135-159, 2000.

______. Regimes and repertoires. Chicago: Chicago University Press, 2006.

VAINER, C. Mega-eventos, mega-negócios, mega-protestos. 2013. Disponível em: <https://goo.gl/1mLm3d>. Acesso em: 28 ago. 2017.

VIANA, S. Será que formulamos mal a pergunta? In: VAINER, C. et al. Cidades rebeldes: Passe Livre e as manifestações que tomaram as ruas do Brasil. São Paulo: Boitempo, 2013. p. 53-58.

Downloads

Publicado

2016-07-01

Como Citar

Souza, R. de. (2016). Quando novos temas entram em cena: movimentos sociais e a “questão urbana” no ciclo de protesto de junho de 2013. BIB - Revista Brasileira De Informação Bibliográfica Em Ciências Sociais, (82), 127–152. Recuperado de https://bibanpocs.emnuvens.com.br/revista/article/view/424

Edição

Seção

Balanços Bibliográficos