Antropologia do consumo
trajetória de um campo em expansão
Palavras-chave:
Consumo, Corpo, Alma, Produtos, Dialética, CulturaResumo
Tradicionalmente, para entender o sistema capitalista, as Ciências Sociais concentraram sua atenção nos processos que transformaram as relações de produção, dando atenção apenas esporádica às reformulações ocorridas na atitude da demanda. Entretanto, o crescimento dos recursos disponibilizados para a geração e o consumo de produtos vem despertando interesse. Neste artigo examino inicialmente a tradicional resistência ao tema do consumo para, em seguida, verificar algumas das importantes contribuições que, desde a segunda metade da década de 1980, vêm possibilitando a expansão do debate. Para iluminar a Antropologia do Consumo, quero fazer ver como alguns dos valores privilegiados pela cosmologia judaico-cristã a respeito da dicotomia corpo-alma informaram historicamente o olhar das Ciências Sociais. Pretendo demonstrar que uma concepção negativa muito longamente cultivada pelo Ocidente a respeito do corpo e seus desejos esteve presente no imaginário da disciplina, operando em suas indagações. Concluída essa reflexão, apresento os trabalhos desenvolvidos a partir dos anos de 1980, cuja riqueza reside no fato de entenderem que, para um estudo efetivo sobre consumo, os bens devem cessar de ser percebidos como fúteis portadores de conteúdos condenáveis e passar a ser compreendidos como constituintes da cultura moderna.